carta de gêmeos as paredes cerradas

eu percebo um mundo que fervilha em acontecimentos
fulgores
os sons que a minha janela se achegam
não me dizem experiência

na proximidade os acordes não ressoam
repetem mecanicamente algo que não reverbera
na habitação corpo

adiante existem acordes vibrações cores
que ampliam aquilo que conduz a minha percepção
– sentir –

tudo acontece lá fora 
e é preciso sair 
e procurar
afetar os olhos – que passam a entender de abundância. 

aqui dentro é tudo potência que se finda com a noite, 
com limites que não são os meus 
dói ficar
dói não estar presente a todos os acontecimentos
estar num dia morto na impossibilidade de ter ar 
de sair rodopiando 
é preciso sair 
aliviar o sufoco 
sufoco que nenhuma chuva aplaca 
não é a água que alivia 

é o ar.